Na semana passsada nós publicamos a primeira parte da entrevista que o site Metal-Rules.com fez com o guitarrista Michael Weikath. Agora você pode ler abaixo a segunda parte desta entrevista.
Traduzido por Ana Leary
- STRAIGHT OUT OF HELL E DEEP PURPLE
Metal-Rules.com: Vamos falar agora um pouco sobre o seu álbum mais recente “Straight Out Of Hell”. Eu diria que este álbum é um dos mais intensos desta temporada. Ele tem uma atmosfera muito boa e positiva e o material das canções em sua totalidade é bastante estimulante e consistente. Quanto você gosta deste álbum agora, três meses após o lançamento?
- Michael Weikath: Eu acredito que ele faça parte daqueles álbuns realmente bons que já fizemos, ele tem alguma mágica e é fácil de ouvir para o público em geral. Além de ser um álbum divertido. É daqueles que não lhe causa gastura ou te irrita de alguma forma; ele é tocável, bastante tocável. É como se fosse uma boa música qualquer que você quer tocar o tempo todo; podendo ele ser um álbum clássico ou de hits.
Metal-Rules.com: Este álbum foi novamente produzido pelo Charlie Bauerfeind. Algumas pessoas dizem que o trabalho dele é um tanto generalizado, mas parece que você está bem satisfeito com o que ele fez, pois já faz 10 anos que vocês trabalham com ele.
- Michael Weikath: Yeah, e é por causa disto. Ele é capaz de terminar uma produção em um curto período de tempo. E depois ele planeja todos os detalhes para finalmente te entregar o álbum. Ele sempre fala que coloca o nome dele ao final de cada produção e esta não é uma tarefa fácil para qualquer um, ainda mais para alguém em especial caso você escolha busque um produtor diferente, pode ter certeza que sempre vai acabar em um fiasco. Você nunca sabe. Todos os envolvidos podem ser legais e tudo, porém alguma coisa pode dar errado. Nunca se deve mudar um time que está vencendo, a não ser quando preciso. Nós estávamos muito receosos que isto pudesse acontecer quando a maioria dos membros da banda decidiu que deveríamos trabalhar com um novo produtor e não mais com o Tommy Hansen. E deu certo. Mesmo com a temática diferente do “Dark Ride” e tudo mais relacionado a ele o tornando um produto incrível, tudo parecia muito bom, mas a produção era de certa forma, perfeita. O que podemos dizer? Já faz 10 anos ou um pouco mais e está tudo bem desde que ele tenha o tempo, os nervos e o interesse em fazê-lo.
Metal-Rules.com: Há apenas duas músicas de sua autoria no novo álbum. Como estão as coisas no presente momento já que Andi Deris e Sascha Gerstner compõem a maioria das músicas, e até mesmo o Markus, para o Helloween em comparação a você?
- Michael Weikath: Está tudo ok, pois talvez eles tenham uma abordagem diferente ou – e às vezes, eu não fico muito feliz com o material que eu crio e simplesmente não dou sequência. Ou ainda leva muito tempo ou coisa do tipo. Existem muitas particularidades envolvidas. Além do mais, eu tenho um real interesse em não atrapalhar e não me comportar com um babaca apenas porque eu não tenho mais faixas prontas ou que eu tenho mais faixas prontas que não foram aceitas por eles, então, para mim, o que importa é haver paz dentro da banda e ter excelentes faixas no álbum para que você possa considerá-lo ótimo. Yeah, não é grande coisa eu ter que provar a maioria do tempo, o que eu sou capaz de fazer. Caso sejam apenas duas faixas e as pessoas perguntarem por que você não compôs mais? Bem, eu compus. Elas apenas não estavam boas o suficiente. Então, eu me considero mais do que orgulhoso como quando algo como “Burning Sun” está lá ou “Years” do que quando alguma outra que não tinha nada a dizer está; isto foi muito mais importante para mim pelo tempo que a compus e ela estar lá e tudo bem. A vida seria bem diferente sem aquela faixa, mas, particularmente, eu não curto muito “Nothing To Say”, por exemplo. Ou ainda, “Do You Know What You Are Fighting For”, pois eu acredito que seja bastante importante por lembrar a época do Deep Purple de alguma maneira. As pessoas podem chegar e dizer “Aquela faixa é desnecessária e eu a acho cansativa e não tenho a menor ideia sobre o que ele queria expressar nela. Que lixo!”
Metal-Rules.com: Agora que você mencionou o Deep Purple, eu lembrei da edição limitada do álbum que possui a versão em “Hammond” da faixa “Burning Sun” que foi dedicada ao falecido Jon Lord. O que você pode me contar sobre o significado do Jon Lord para você?
- Michael Weikath: Como eu já havia comentado em algumas entrevistas anteriores, ele foi um dos precursores do Rock utilizando órgãos Hammond o que não exatamente vem do Deep Purple, mas você pode considerar do tempo em que eles eram conhecidos como Carousel or Carosel ou algo parecido, mas que eles estavam de fato buscando por uma marca própria o que não conseguiram de forma tão rápida. Eles tinham um vocalista que parecia ser como qualquer outro bom vocalista, mas ele soava igual a todos os demais. E ainda assim, eles soavam como qualquer outra banda vibrante. Eles tentaram turnês clássicas com o April,entre outros, e mesmo assim continuavam a mesma coisa; não havia um diferencial próprio se comparado às outras bandas da mesma época. Dado todo o talento deles e todo o conhecimento que os músicos tinham, eles apenas estavam em busca de algo que pudesse marcar e detonar. E eles, de repente, conseguiram. Eles precisavam apenas superar e estavam aproveitando o estilo que haviam descoberto e isto não era fácil. Com o passar do tempo, você precisa imaginar, mesmo nos dias de hoje morando na Inglaterra que não é nada fácil ser um músico ou querer se tornar um. Se você não tem aquela mágica única ou algo parecido que o diferencie dos demais – há muitos daqueles imprudentes de cabelos escuros ou loiros ou qualquer outra cor que se acham “fodões” que querem tocar Rock ‘n Roll e guitarra e aquele cara pobre que só tem como opção tocar numa banda de Rock ‘n Roll, mas que não dá certo. Há muitos tipos de pessoas – eles trazem a cocaína deles e querem posar como bacanas e todos são muito capazes, porém não dão certo na música. E você consegue imaginar como era naquela época?
Metal-Rules.com: Não, eu realmente não consigo imaginar nada disto, mas eu tenho lido vários livros escritos por bandas e pessoas que fizeram suas vidas vivendo da música na Inglaterra nas décadas de 60/70. Há várias histórias bem chocantes desse período.
- Michael Weikath: Tudo chega a ser quase inacreditável. Era quase impossível. Eles foram pioneiros em fazer algo, conseguiram e viveram isso, apesar de ser extremamente perigoso. Eles poderiam ter acabado em qualquer outro lugar. Eles poderiam ter morrido de fome ou qualquer coisa. Poderia ter acontecido exatamente desta forma. Eles tinham todo aquele talento e aquilo que eles faziam – o mesmo que o Black Sabbath e outras bandas posteriores. Havia tanta coisa, pois você tinha empresários, gravadoras e as rádios. Era tudo o que era conhecido, mas antes disso era tudo muito experimental, muita enrolação. O Fleetwood Mac, quem quer que seja – bandas, caras com guitarras e o David Bowie e todos eles estavam muito inseguros. Se você não tinha uma gravadora que bancasse o seu trabalho e o lançasse no mainstream você simplesmente estava perdido e morreria. Eles fizeram algo extraordinário.
Eles nem eram uma das maiores bandas. Eu acredito que o Ritchie Blackmore estava sempre um pouco bravo como se houvesse alguém do Spooky Tooth levando ao topo o Foreigner e indo ainda mais longe. Todos eles estavam começando na mesma época. Então, era como se perguntar por que ele havia chegado tão longe com aquela música maldita dele e seus álbuns. Por que o Black Sabbath era tão forte? Por que eles nos deixaram de fora das vendas? E o que falar da histeria Led Zeppelin? Eles chegaram assim tão longe para se tornarem a maior banda de todas. E a histeria dos Beatles. Por que nós não alcançamos esse tipo de fama? Esta era a realidade e lá estava o Jon Lord tocando os seus teclados e órgão. E lá estavam Brian Auger, Ken Hensley, e outras pessoas, mas aquele era o Jon Lord. Ele foi o cara.
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